sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

O Xadrez



Tinha eu uns dez anos de idade quando meu pai ensinou a mim e meu irmão a jogar xadrez. Jogamos alguns dias. Eu gostei muito, mas eles não quiseram mais jogar.
Então, eu, não tendo mais parceiro, comecei a ensinar a todos que quisessem, sendo que o primeiro foi meu colega de aula Nelson Bruch, com quem estudei  junto todos  os anos desde o primeiro ano primário (1965) até o término do segundo grau (1976), sempre na mesma sala,  ele sempre o melhor aluno da turma e eu quase sempre o segundo.  Depois dele foram mais de mil, no colégio, no clube, onde eu ia, ia junto o jogo de xadrez, de miniatura, de tampinhas de garrafa com aquelas figurinhas do papel carbono Helios, ou com aquelas peças bonitas do meu avô.
Às vezes eu conhecia alguém na cidade que já tinha jogado xadrez, como o Sr. Schenkel, que usava as expressões “jadoube”  e “gardê”, ou alguém que jogava na faculdade ou na AABB ou outro clube.
Eu ganhava quase todas as partidas que jogava e era considerado um “gênio” na cidade, mas na  verdade,  não havia jogadores bons de verdade em Venâncio Aires.
Quando foi morar em Porto Alegre, em 1978, freqüentei  o  Metrópole Xadrez Clube, e lá, onde havia campeões do Rio Grande do Sul, do Uruguai e até um Mestre Internacional, cheguei mais próximo do que possa ser um jogador BOM.
A partir de 1982, em Belém do Pará, passei a jogar com o pessoal da Federação Paraense, participei de algumas competições oficiais, Campeonato Paraense e Zonal Brasileiro, sendo que minha melhor conquista foi um 3º. lugar e o meu rating chegou a 1800 pontos, sendo que este é o nível de jogador que sou quando me esforço.
Depois dos anos  80, em visita a Venâncio Aires, já havia quem jogasse um pouco melhor que eu, como o Paulo Ruppenthal e o Arcélio Wenzel, dois que aprenderam comigo....
Ainda jogo e gosto muito, mas só por “vício”, e só pela internet, partidas rápidas, no máximo de 10 minutos para cada jogador. Não tenho mais paciência de ir lá não sei aonde para jogar e nem mesmo para esperar o adversário ficar pensando por mais de um minuto. O meu rating na internet oscila entre 1700 e 1800.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Chico Sabóia e o Abacatal.

Num domingo destes, nos anos 90, não havendo muita disposição para ir longe com a bicicleta, saí a andar pelo município de Ananindeua. Saindo da Cidade Nova, passei pelo centro da cidade, atravessei a BR, e segui pras bandas do Aurá.
Tendo atravessado o tal Aurá, e ainda não tendo decidido  qual  caminho  conhecer,  encontrei  um  senhor  de  idade  avançada,  a pé,  carregando um saco  nas costas. 
Cumprimentei-o e ele logo puxou conversa comigo.  Disse que estava num boteco bebendo com mais um companheiro, e, ao resolver ir para casa, o companheiro insistiu em continuar bebendo, sendo que ele decidiu ir sozinho.
Lembro  claramente  do  seu   nome  (Chico Sabóia).  Ele  tinha  uma  conversa  muito  interessante.  Fui  seguindo  devagar  com  ele,  ofereci  carona  na  bicicleta,  mas ele  não  aceitou,  sendo que  permitiu  que  eu  carregasse o  saco  na  garupa  da bicicleta.  O jeito  dele falar  era   interessante,  tanto  que  resolvi  ir  com  ele  só  para  ouvir.
Ele contou  que  aquela  estrada  ia  para  o  Abacatal, lugar onde  ele morava.  No caminho  ia  mostrando  e  contando,  “fulano morou  ali, trabalhava  assim,  teve um caso com fulana,” e assim   ia  contando  fatos  da  vida  de  vários  moradores  da  redondeza.
Contou  também  que  aproximadamente  40  homens,  entre   os  quais ele se  incluía,  muitos  anos  atrás,  abriram  aquela  estrada sem  patrola,  sem   trator,  sem motosserra:  tudo  “no braço”.  Cortaram  grandes  árvores  que  precisavam  de  cinco homens  para  abraçar, usando  serra  manual  e  machado (algumas deram mais de um dia inteiro de trabalho para  serem tiradas).  Não  lembro  bem,  parece  que  foi  no  tempo  do  Gov. Magalhães Barata.  Esse  trabalho  de  abrir  a  estrada  de  aproximadamente  10 km  durou  mais  de  um  ano.

No  meio  do  caminho  ele  mostrou  um  ramal  que  ia  para  o  Aurá.   Ele  não  estava  bêbado...  Explicou  que ,  lá  onde  eu  julgava  ser o  Aurá,  era  a “invasão  do  Aurá”, localidade  com  poucos anos de existência,  mas  o  Aurá  verdadeiro  era  aquele  outro  no  rumo  do  ramal  que  eu  ainda  não  percorri. 
Depois  daquela  encruzilhada,  onde  houvesse uma casa  na beira  da  estrada,  de  lá  saía  alguém  de  encontro  a  ele,  fosse  um  homem,  uma  mulher,  ou crianças,  todos  pedindo  “a  bênção”,  até  quando  chegamos  no tal  Abacatal,  um  pequeno  povoado onde  havia  um  campo de futebol ,  de  onde não havia  saída  para  mais  nenhum  lado.  Chico Sabóia  me  disse  que  noventa  por cento  dos  moradores  dali  eram  seus  descendentes. 
Ele disse que de lá não havia mais caminho para nenhum  lado,    porque  a estrada havia sido aberta para exploração de uma pedreira.
Nunca  mais  andei por  lá,  mas  aquele  homem  diferente  ficou  na  minha  lembrança.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

O tomador de batidas.


Quando eu morei em Porto Alegre, eu gostava de ir ao centro da cidade, na Praça 15 (15 de Novembro), tomar batida. Nas várias lanchonetes  havia, já cortados, pedaços de banana, mamão, abacate, maçã, e também outros ingredientes em potes, como aveia, neston, etc.
O meu costume era pedir 6 copos, com todos os ingredientes misturados e ainda ovos crus com casca e tudo. Aquilo para mim era um lanche normal...
Também na feira, ali próximo, na Rua Voluntários da Pátria, eu merendava bananas. As bananas só eram encontradas embaladas de 2 em 2 kg. Assim sendo, minha merenda era 2 kg de banana. Quando não tinha banana, eu me contentava em comer 2 kg de tomate....
Então, por ocasião da minha viagem de bicicleta ao Pará, estava eu dando umas voltas na cidade do Rio de Janeiro. Na Av. Presidente Vargas, próximo à esquina com a Rio Branco, entrei numa lanchonete e vi lá na parede que tinha batida. Fui ao caixa e comprei  4 copos.
Chegando ao balcão, e não vendo nenhuma fruta para fazer batida, nem banana, nem nada, perguntei  qual tipo de batida havia para escolher. E ouvi, espantado, maracujá, laranja, e outras frutas estranhas que nunca vi em nenhuma batida. Pedi  os 4 copos de maracujá. Imaginava que ia vir misturado com alguma farinha para engrossar, mas veio bem fininho, como um suco. O atendente ainda perguntou se eu ia tomar um só copo e voltar mais tarde, ao que eu respondi “pode trazer os 4, pois sou acostumado a tomar 6”... Quando tomei o primeiro gole, tinha um gosto estranho de cachaça. Como já estava pago, tomei tudo (os 4 copos). Me  senti  tão mal  que saí da lanchonete me apoiando na parede.  Não tive coragem de sair andando com a bicicleta. Eu estava zonzo. Sentei na calçada, no chão, até melhorar um pouco. Lembro que passou alguém vendendo “não-sei-o-quê”  e comprei. Após comer, melhorei um pouco, subi na bicicleta e pedalei vigorosamente até me sentir “normal”.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

As moscas mosconas...



O Alceu Allgayer gostava de me acompanhar em passeios de fim-de-semana. Num domingo qualquer, me convidou para ir de bicicleta lá numa prima dele, em São Rafael, perto de Cruzeiro do Sul (RS), mais ou menos uns 20 km de distância.
A estrada era de asfalto novo.  Lá chegando, uma casa de zona rural, mais ou menos umas 9h30min, ficamos conversando com o pessoal da casa. Ao lanchar, havia umas moscas ao redor da mesa. Tentei pegar uma com a mão, e, incrivelmente, consegui, com muita facilidade. Chamei a  atenção  do  Alceu,  e  ele também pegou  outra mosca  na primeira tentativa.
Percebemos que todas as moscas eram assim, devem ser de uma linhagem  especial, as moscas  mosconas.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Quando eu era criança ...

Quando eu era criança e até os meus 12/13 anos, lá em Venâncio Aires-RS, o que eu mais gostava de fazer era jogar bola, andar pela cidade batendo uma banda de pneu com um pedaço de madeira ou puxando filtros de óleo usados como se fossem pequenos carros.

Também gostava muito de ficar correndo sozinho em volta do campo, o que era uma grande diversão para mim. Brinquei muito com aquelas bolinhas de vidro (petecas ou clicas ou bolitas), e outros brinquedos simples feitos manualmente, como pião,  cata-vento  e pandorga.

Finalmente comecei a andar de bicicleta. Aprendi numa bicicleta de brinquedo de um amigo (Dieter Knak). Era uma bicicleta que podia pedalar para frente e para trás (roda fixa!). Depois andei na bicicleta do pai dele (Carlos Knak). Esta era uma Caloi Canarinho, uma das melhores bicicletas que já vi até hoje. A Rua Visconde do Rio Branco, onde nós morávamos, era “empedrada”. Umas pedras grandes e irregulares no meio e um “trilho” mais fácil de andar na beira da rua, e um valetão de um metro de esgoto de cada lado. Nos primeiros dias de aprendizado, com medo de cair na valeta, eu andava só no meio da rua, pulando bastante.

O meu pai nunca comprou bicicleta. Eu, quando aparecia alguma coisa para fazer com uma bicicleta, como levar algo a algum lugar, ou só levar ao posto de gasolina para encher o pneu, era aquela alegria. Lembro certa vez que um colega esqueceu a bicicleta no pátio do colégio na véspera de um fim-de-semana (parece que o nome dele era Volnei), e eu, só para ter o prazer de andar, peguei a bicicleta e fui lá longe da cidade procurar a casa dele, na Linha Coronel Brito entregar a bicicleta e voltar a pé, totalmente realizado (por ter praticado uma boa ação e, principalmente, por ter dado uma boa andada).

Depois, quando podia, andava na bicicleta do meu irmão ou na da minha irmã. A do meu irmão era uma “Goricke” aro 28 pneu fino (28x1 e ½,selo branco).  A da minha irmã era uma Caloi que veio de São Paulo, aro 26 pneu balão, sem varão, tinha cestinha na frente e uma sirene parecida com a da polícia.

Em 1973, quando comecei a trabalhar com carteira assinada, comprei a minha Odomo, a única bicicleta nova que eu usei aro 26, pneu balão, freio contra-pedal, central de pino, varão duplo, a qual usei até o final de 1987, quando a vendi  na loja do Arly Hickmann para ser reformada e revendida posteriormente. Eu havia vindo pedalando de Belém, juntamente com a minha mulher, ILDA (nossa lua-de-mel de 75 dias).

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Lauro Fiss - O gaúcho da bicicleta


Este blog foi feito para levar informação sobre esta figura pública que é o senhor Lauro Fiss, conhecido por tantas pessoas em tantos lugares desse Brasil por conta de suas incríveis viagens de bicicleta.

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